O ciclismo é uma modalidade esportiva conhecido mundialmente que teve sua prática essencialmente esportiva em meados do século XIX, na Inglaterra, no período em que surgiram aperfeiçoamentos na fabricação de bicicletas, e com isso foi possível o alcance de maiores velocidades. Com a inclusão nos jogos olímpicos, em 1896, tornou-se uma febre na Europa, já aqui no Brasil teve seu início ao final do século XIX na cidade de São Paulo, onde já era considerado o esporte da moda. Sua popularidade continua subindo no país, sendo cada vez mais praticado entre os brasileiros.
O ciclismo é um esporte que exige muito do físico do atleta, portanto a busca por uma boa performance pode levar o atleta a sempre buscar a melhor forma física, boa nutrição e treinamentos adequados. Após praticar o exercício físico, a recuperação é muito importante e isso inclui a melhor escolha do que consumir e o momento da ingestão desses nutrientes, afinal esses fatores podem afetar consideravelmente na recuperação muscular.
Já comentamos AQUI sobre como devem ser as refeições após o treino, e hoje iremos falar sobre a ingestão de líquidos, especificamente, o consumo da cerveja após a pedalada.
As bebidas geralmente utilizadas durante e após o exercício, podem variar de água a bebidas de reposição de eletrólitos. Essas bebidas possuem como objetivo ajudar na restauração rápida do desempenho, manutenção do açúcar no sangue e glicogênio muscular, se usados instantaneamente após o exercício. Também já comentamos sobre o consumo de água durante a prática de exercícios físicos e sabemos que a estratégia de hidratação é com o objetivo de evitar que o grau de desidratação seja acima de 2% de redução do peso corporal total.
Apesar disso, sabe-se que o consumo de bebidas alcoólicas vem aumentando no Brasil, inclusive entre desportistas. Contudo, deve-se ter muita cautela pois ao contrário da maioria dos alimentos, o álcool contém quantidades mínimas de vitaminas e minerais e contribui pouco ou nada para a nutrição das células do nosso corpo.
O álcool é um liquido que não pode ser estocado no nosso organismo e, por ser uma substância tóxica, deve ser eliminado imediatamente. Por isso, o álcool tem prioridades no metabolismo, alterando outras vias metabólicas, incluindo a oxidação lipídica, o que favorece o estoque de gordura que se depositam em sua maioria na área abdominal.
Em grandes quantidades, o álcool é um agente venoso e tóxico, pode prejudicar o nosso sistema imunológico e, a longo prazo, o consumo excessivo está associado à cirrose, pancreatite, alguns tipos de câncer, acidente vascular cerebral, e acidentes. Além disso, estudos mostraram que vícios, ansiedade, depressão, amnésia e insônia estão associados ao consumo pesado de álcool.
O consumo de cerveja durante a pedalada, é extremamente perigoso pois reduz a coordenação motora e os reflexos, o que pode ocasionar acidentes. A cerveja e as bebidas alcoólicas em geral podem reduzir sua força e potência durante a pedalada e prejudicam na recuperação se for consumido depois do pedal (isso porque há uma redução da síntese das proteínas quando ingerimos o álcool e uma reidratação bem pobre, que nos faz perder água pela da urina aumentando o risco de desidratação).
Um estudo avaliando os conhecimentos e práticas dos atletas amadores de mountain bike, constatou que 12,1% dos atletas ingerem Coca Cola® e 9,1% fazem uso da bebida alcoólica (cerveja) para a hidratação. Esses resultados são extremamente preocupantes, pois o primeiro pode originar um quadro de refluxo gástrico, enquanto que o segundo promove a vasodilatação periférica e inibe o hormônio ADH elevando assim a taxa de diurese do indivíduo.
Em relação às calorias, 1 lata de cerveja possui aproximadamente 145 Kcal, o similar a um pão francês. A densidade calórica também é alta, ou seja, o álcool possui 7 calorias por grama, enquanto que carboidrato e proteína apresentam 4 calorias por grama, aproximadamente.
Diante disso, o ideal para ser consumido durante e após a pedalada é água e caso ultrapasse 1 hora de exercício físico pode ser utilizado alguma bebida repositora de eletrólitos. Em caso de dúvidas sobre o que consumir, quantidades e horários, consulte um profissional da área.
Referências:
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https://revistaridebike.com.br/2016/11/16/afinal-alcool-faz-mal-mesmo-aos-ciclistas/